A COJOVEM (Cooperação da Juventude Amazônica pelo Desenvolvimento Sustentável) apresentou nesta quarta-feira (12), durante a programação da Free Zone Cultural Action, a pesquisa Amazônia Jovem 2025, que traz um retrato inédito sobre as percepções e desafios das juventudes amazônicas diante da crise climática. O lançamento ocorreu na Zona Vozes - Domo 5, durante a COP30, em Belém.
O levantamento reúne dados e depoimentos de 667 jovens dos nove estados da Amazônia Legal, abordando temas como vulnerabilidade, identidade e pertencimento. Coordenado pelo pesquisador Pedro Mota, doutorando em Geografia, o estudo combinou metodologias online e presenciais para superar as dificuldades de conectividade na região.
“Mobilizamos pessoas para aplicar os formulários em campo e garantir que todas as vozes fossem ouvidas”, explicou Mota.
Os resultados chamam atenção: 78% dos jovens afirmam viver em contextos de conflito territorial, marcados por disputas de terra, desmatamento e violência, enquanto 80% relatam ansiedade em relação ao futuro de seus territórios.
“Esses jovens crescem em meio à luta e à insegurança. Isso afeta sua saúde mental e sua relação com o território”, observa o pesquisador.
Outro dado relevante é que o desmatamento aparece como o impacto ambiental mais citado, reforçando que a crise climática agrava desigualdades históricas. “A juventude amazônica sente os efeitos da crise todos os dias, nas enchentes, secas e ondas de calor”, acrescenta Mota.
A pesquisa adota uma definição ampliada de juventude — dos 18 aos 35 anos —, conceito que o grupo chama de “juventude tardia”, marcada por responsabilidades precoces e oportunidades adiadas. O estudo também mostra o fortalecimento da identidade regional: em dois anos, o número de jovens que se reconhecem como amazônidas saltou de 50% para 80%.
“Quando o jovem se reconhece como parte da Amazônia, ele passa a agir e se engajar nas soluções”, destaca Mota.
O levantamento deu origem a dois policy briefs com recomendações sobre transição energética justa e adaptação climática, reforçando o papel estratégico das juventudes amazônicas na formulação de políticas públicas.
“O futuro só existirá com qualidade se investirmos na juventude agora”, conclui o pesquisador.